terça-feira, 16 de setembro de 2014

Impasse político no Haiti afeta planejamento de tropas, diz general brasileiro

Comandante das forças da ONU no país, Minustah, participou de reunião no Conselho de Segurança, na quinta-feira, ao lado da chefe civil da Missão, Sandra Honoré.


Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

A representante do secretário-geral da ONU no Haiti afirmou que está "profundamente preocupada" com o impasse político que levou ao cancelamento da realização das eleições locais, que estavam marcadas para novembro.

Ao participar de uma sessão sobre a situação no Haiti, no Conselho de Segurança na quinta-feira, Sandra Honoré disse que um dos pontos básicos do acordo de "El Rancho" para a formação de um novo governo, não pôde ser implementado por causa desse impasse. O atraso foi provocado por opositores políticos ao acordo no Parlamento haitiano.
Elemento militar
O quadro também impede mudanças na formação de um conselho eleitoral e a instalação de uma nova legislatura.
Sandra Honoré disse que a falta de eleições até o fim do ano pode criar um "vácuo institucional" no Haiti, uma vez que o mandato do Parlamento atual irá expirar em 12 de janeiro.
O impasse político na ilha caribenha também pode atrasar os planos de redução das tropas de paz no país, e preocupa o elemento militar da Minustah, como explicou à Rádio ONU, logo após a reunião, o comandante das forças, o general brasileiro José Luiz Jaborandy Júnior.

Segurança logística
"Para nós, no componente militar, por exemplo, se nós tivermos que cumprir esse processo previsto de diminuição de 5021 para 2370, até final de junho do ano que vem, e se as eleições ficarem atrasadas, e forem previstas para o período do ano que vem, entre março e junho, você imagina qual dificuldade terá o componente militar porque nós teremos diminuição de tropas, teremos rotação de tropa, e teremos que apoiar em segurança logística, comando e controle, as eleições."
O general falou ainda das indefinições sobre a volta ao Brasil e a chegada de novos soldados brasileiros ao Haiti, além dos desafios para as preparações por causa do impasse político.
Missão multidimensional
"Pra você enviar um contigente para uma missão multidimensional como a do Haiti, da Minustah, você precisa iniciar um ciclo de treinamento com quatro, cinco, seis meses de antecedência. E você não sabe se a sua tropa vai continuar lá, e nem a quantidade, então você precisa de uma capacidade de uma visão de futuro, para você iniciar o ciclo de preparação com o efetivo que realmente você terá que mandar para lá."
De acordo com a Minustah, a segunda etapa das eleições legislativas, marcadas para 28 de dezembro, ainda permanece no calendário eleitoral do Haiti.
Durante a reunião no Conselho de Segurança, em Nova York, a chefe civil da Minustah, Sandra Honoré, pediu uma solução imediata, baseada no Estado de direito, para que todos os partidos renovem um diálogo inclusivo no país.
Ela citou a intenção do presidente do Haiti, Michel Martelly, de iniciar discussões com grupos da oposição e da sociedade civil.
As forças de paz das Nações Unidas estão no Haiti desde 2004.

Fonte > RÁDIO ONU/montedo.com

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